Fez-se de santo nem pau oco havia. Estava na cozinha de dona Helena, sentado num canto. Incomodados que se cuidem, pensou maroto. O espaço de sua humildade dissimulada, porém, não cabia ali. Disse coitadinho que sofria dos nervos “pra menos”. Era, assim, uma tristeza de fazer dó, na amplitude máxima da judiação. Que havia um enjôo, diacho de uma propina irrecusável que seu cérebro mandava pra vida, sem medir ou abafar sofrimento. Palavra boa, sofrimento, pensou. Comparado aos outros era uma raspa, balela da existência, coisinha de fugacidade quieta. Dona Helena só ouvia, e de vez quando esgueirava os olhos, sabida. Ele, naquela conversinha, nivelava-se aos pés da mesa antiga de cedro. Era um besouro de bruços, cachorro manco, pato capenga. Só aqueles anos todos fizeram dona Helena compreender, na hora do “então vou indo”, porque já não havia nenhuma queijadinha sobre a mesa.
domingo, 28 de agosto de 2011
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