Seria uma alusão a ele? De súbito, pouco parecia. Produzira a impressão pela perversa inocência com que Asila expôs o que pensava, aparentemente sem exibicionismo. Só aparentemente, só parte do que de fato pensava e inocência já não havia há anos. Asila adora expor as fraquezas do marido, notoriamente o medo de besouros marrons. Mas é dissimulada e é a época dos tais bichos. Fala dos absurdos das gentes que têm o medo. Tagarela os absurdos de haver pessoas assim. Parola a vergonha que sente quando o medroso lhe é próximo. Indigna-se com a possibilidade de ter ao lado um acovardado. O volume, tamanho e extensão das falas estendem-se por todo o período em que varre às centenas os montinhos de besouros marrons. Lúcio olha de longe, petrificado, mas pronto para a investida assim os besouros sumirem. No ano passado, nessa mesma época, Asila quase se separou quando o marido chegou em casa com um casal de ratos brancos. Ela emudece e treme quando vê esses bichos...
quarta-feira, 6 de abril de 2011
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