Deu entrada doida; o médico não soube precisar a droga. Postinho de saúde na ponta da vila tem justos limites ante as opções tão imensas. Glóbulos de clemência lhe saltavam dos olhos, enquanto a boca profetizava caos e coisas. Ubíquo e óbvio, o doutor mediu a pressão; no avesso do espetáculo, a paciente quis ajudá-lo a insuflar a bomba do aparelho, e já levou um tapão na mão. Simulou a letra de um rap, que mal deu rima elementar: “aí doutor Saracura, tô na minha, não dá dura, o senhor não tem o poder da cura”. Não esmoreceu, para a infelicidade do médico. Num descuido de segundos, bebeu todo o vidro de iodo, num gole e de virada. Almejou o esparadrapo, salivou com o algodão, laricava com as pomadas, quando o medico, súbito, pediu à enfermeira que fizesse um eletrocardiograma naquela louca. Que a sedassem, amarrassem, entendessem ou dispensassem, mas com a pressão naquele estado a gravidade era certa. Levada por dois à maca do exame, a pirada foi plugada pelos fios da máquina. Tudo iria bem, não fosse o recado que a pobre enfermeira levou ao doutor: “aquela dona comeu os elétrodos coloridos!”.
sábado, 16 de abril de 2011
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Molinho, adorei... tem seu senso de humor delicioso de sempre....
ResponderExcluirsua
Dan Dan