Com o pé junto à tábua e pouca fé em Deus, Olegário andava como um raio, sempre que lhe fosse dada a graça de dirigir o carrão do patrão. Dos seus, pouco se atentava, porque ao volante virava outro; aquele cujo direito superior sobre a plebe ignara explicitava-se pelo poder comparativo da velocidade entre ambos ou ao de vencer a luta, caso o embate se desse entre seu pára-choque e um pedestre desses quaisquer. Orgasmava-se na condução quando cataprum! Levou arrastado a metros o cego Duílio, que com a sanfona em punho e olhar no vazio, tentava atravessar a rua com o mesmo descuido com o qual tocava no instrumento a valsa “Saudade de Matão”. Com indignação e maus lençóis, parou um pouquinho à frente para conferir o estrago. Próximo à vítima para tirar satisfação pelo seu descuido, ouviu do cego oito as palavras moribundas: “por favor, me ajude a chegar no paraíso”.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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