Orfeu levante-se e cante, senão o Sol o não aparece! Repetiu Maria o ofício anti-ócio que a obrigava todas as manhãs a despertar o marido para coexistir com a vida. Passou a ser o negócio que operava, de maneira a dar de comer aos seus. Dada, ela, à indolência, minorava o sacrifício sem o som do despertador, havia o sino de uma catedral nem tão próxima que lhe servia de alerta, quase inaudível, quase silencioso. Ele, então, punha-se à rua, mal pudesse com si próprio, pouco de vontade, pouco de gestos. Salvo os dias em que soubesse domingos, porque, então, a quietação iminente sempre lhe garantiria o nada e os acordes perfeitos para sua melodia. Feito o gosto, feito o mito.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
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