sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tinha lá pra si

Tinha lá pra si que a personalidade sexual do homem estaria intimamente ligada ao queijo que ele mais apreciasse. Não traduziu direito o livro francês O prazer pelos lacticínios, e encheu-se de malícia quando leu, para se auto-ajudar, Quem mexeu no meu queijo? Não meu, não, bradava desenvolto.
O resultado foi uma tese indefensável, segundo a qual o consumo regular do queijo minas era o grande responsável pela virilidade do macho garanhão. Já o simplesmente heterossexual teria afinidades incondicionais com o prato, o provolone ou coalho. Admitia-se, sem muita convicção à masculinidade, satisfações esporádicas com o queijo de cabra, o suíço e a ricota. Do roquefort para frente já se acendia a luz lilás. Catupiry, cheddar, cream cheese, cottage, emmenthal, mussarela e gorgonzola eram vistos com absoluta desconfiança. E não haveria nenhuma dúvida quanto à homossexualidade do indivíduo se a preferência recaísse sobre o camembert, estepe, gouda, edam, gruyère, mascarpone, pecorino ou grana.
Convidado a uma palestra sobre sua inusitada teoria, perdeu a voz quando, do fundo da platéia, ergueu-se um desconfiado e insuspeito mineiro com a incrédula pergunta: - Antes de estudar isso você gostava muito de queijo brie?


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