Minotauro tenso na labiríntica favela, meio Creta, meio ramblas, ruivava aos manos ódios de touro com o corpo de gente aos braços. O filho, bala perdidamente desfalecido, ainda com os olhinhos atormentados pelos gritos do pai à altura dos seus. Mato quem foi. Tu és cova, mano. Tu és tumba. Traz cá esse teu esqueleto-esquife pra receber o que merece. E nada ou ninguém. Nem luz sobre a rubra criança, nem tardios estampidos de uma ou outra arma de fogo. Tácitos silêncios ante a fúria do chefe, o boss, o dono, o minotauro enfim domesticado, manso de dor, touro abatido pela morte do bezerro. Justo ele, no declive atemorizante da eternidade. Ele, que sempre se imaginou imortal.
sábado, 21 de agosto de 2010
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