Da margem, olhava o mar. Damasceno era mergulhador com medo de água. A aprovação no concurso público viera em boa hora. Fora merecida, admitamos. Bom na observação das coisas, seus escritos sobre as profundezas do oceano nos levavam ao encontro com uma arraia gigante ou cardumes de colorido alaranjado. O mar era para Damasceno uma tarefa, não uma paixão ou um prazer. Logo ali, à espreita, tinha consciência plena de que jamais haveria de entrar na água, mesmo que para isso tivesse que apelar a uma licença-saúde, um mal subido ou abono legal. Anos. Água, jamais. Na sua despedida, pelo direito à aposentadoria, pediram que contasse histórias do ofício, Damasceno nunca mergulhara tão fundo nas aparências das almas como naquele adeus.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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