
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Quadro esboçado

terça-feira, 29 de junho de 2010
Estamos envoltos

segunda-feira, 28 de junho de 2010
Eram duas janelas

domingo, 27 de junho de 2010
Quando coroinha

Quando coroinha badalou o sino para a frente e para trás, cintilando o brilho prata do objeto no reflexo da luz rasteira da manhã. Tentava desvendar fenômenos e desejos da fé, que só lhe debruçou à janela da alma tempos depois. Desmanchou um noivado e a zaga do time de futebol por causa disso. A centelha divina houvera lhe proposto um isolamento, lá pros lados do Morro do Quebra Cabaço, que era como a gente do lugar denominava uma montanhazinha erma, a poucos quilômetros dali. Um pouco por exibicionismo, outro por espírito de imitação, tornou-se eremita. Senhor de seu Sol, sua Lua e do radinho de pilha que o acompanhava no isolamento, com a função de conferir-lhe a mínima noção do mundo lá de fora. Comeu frutas e gafanhotos, bebeu mel e chuvas, plantou mandioca, porque mais não sabia. Paramentado de profeta, sob os clarins de imaginárias trombetas, desceu à vila meses depois, para pedir doações que lhes garantisse algo essencial: um bocado de sal e as pilhas. Foi quando avistou no jornal da banca a foto da debutante Estela, linda, estrela. Retornou à casa do pai, e anunciou a sua redenção: “não dá pra ser profeta sério com tanta mídia!”.
sábado, 26 de junho de 2010
Uma sensação

sexta-feira, 25 de junho de 2010
De minha parte
quinta-feira, 24 de junho de 2010
A aparência

Carla Mescalina foi vestida com preto básico, emprestadas pérolas, pintura à altura e um sorriso santo, que ninguém julgaria falso. Ninguém exceto ele, o velho, pai do noivo submisso que ela laçara numa festa country. Como quem rodeia a rês antes de mandar o valor num lance, o esperto latifundiário mediu Mesca de cima para baixo, de frente e por trás, da cabeça aos pés. “Bonito o seu cabelo, moça”, falou sonso. Para completar antes que ela pudesse ser-lhe grata, foi justificando a negativa: “...é que aqui a gente não cruza com loiras. Ciência genética, dona. Última palavra no nosso negócio!”.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
O ocaso não vinha

terça-feira, 22 de junho de 2010
E aí começou
segunda-feira, 21 de junho de 2010
O garçom jogava

domingo, 20 de junho de 2010
Parece gente

sábado, 19 de junho de 2010
Não havia maçã

sexta-feira, 18 de junho de 2010
Dotava o ex-marido

Dotava o ex-marido de vícios e defeitos. Coisas do foro íntimo, batidas com pontas de pimenta, vinagre e páprica picante. Procurava, então, expressar da maneira mais ajustada que pudesse os seus pensamentos e, por essa maneira, decidiu que escreveria um livro de contos à simplesmente tagarelar com as amigas nem tão próximas: “Flatulências sonoras sob o cobertor”, “Respingos que não acham vaso”, “Uma havaiana verde na mesa de jantar”, “Lâmpadas apagadas, corte de energia”, “Bitucas na taça de cristal”, “Cueca e toalha: usos e afinidades”, “O indicador que não deixou pelos no nariz”, “O violento esgrima com palito de dentes”, “O risco marrom por trás da cueca” e outros, cujos conteúdos remetiam mais a um monstro do que a um homem. No lançamento, convidou a ex-sogra. Agradou-a com bombons silvestres, mas não se descuidou na dedicatória: “toma, que o filho é seu!”.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
O marido era preto

(À contista gaúcha Ana Santos, autora do (futuro) livro O que faltava ao peixe)
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Imaginei que a luz

terça-feira, 15 de junho de 2010
Por um lado

segunda-feira, 14 de junho de 2010
Farto, bateu asas

domingo, 13 de junho de 2010
Nem trocaram uma

Depois, pão molhado já não desce bem. Ela, antes, insistiu. Laura era uma obsessiva gelada de reservas. Toninho, um insolente turrão. Mas, ali não. Não disse nada. Era por razão de gosto mesmo. Ele odiava aquilo. Perseverante, a Laura. Fez que fez e percorreu lépida o espaço entre a felicidade e a padaria. Pediu logo quatrocentos gramas, cortadas bem fininhas. Quase transparente, que por um triz não se pudesse ver do outro lado, Laura disse. Pagou pelo prazer, alheia às considerações do namorado. Apostei com Alfredo que, se ela insistisse, aquele gesto sem importância poderia significar o fim. Não deu outra. Não joguei com a sorte. Na verdade, eu sabia, desde pequeno Toninho odeia mortadela.
sábado, 12 de junho de 2010
Enrugada por afagos

sexta-feira, 11 de junho de 2010
Tentaria não ser

quinta-feira, 10 de junho de 2010
A ordem das ondas

quarta-feira, 9 de junho de 2010
Prudência e pão

terça-feira, 8 de junho de 2010
O bar parou

segunda-feira, 7 de junho de 2010
De novo, não

domingo, 6 de junho de 2010
Dado a mendigar

sábado, 5 de junho de 2010
Risinho irônico
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Cortejou-a e já
Tendo com quem a matava a lealdade, Gracieti decidiu inverter a sedução. Plugou no computador do garboso galã o pen-drive da Björk e pôs-se a declamar Leminsk, enquanto improvisava passos de uma exótica dança livre.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Como hóspede

quarta-feira, 2 de junho de 2010
Meus senhores

terça-feira, 1 de junho de 2010
Dá pra amar

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