Descobriu a sintonia da música com o universo quando lhe ensinaram que era preciso afinar os instrumentos. Então buscou o tom adequado para um dueto com o vento, em trio com a cachoeira ou quarteto com um ou outro pássaro cantador, que por ali voasse. Poderia ser também o som de um galho balançando insolente ou a trilha sonora da água que escorresse entre as pedras no caixilho do rio. Se a afinação é indispensável, pensou, por que o som das coisas não haveria de sê-lo? Mijar na vertical com a entonação do córrego, que se fará na horizontal, há de ser uma peça sinfônica. Tropeçar palavras fora da afinação universal há que representar o desafino dos sujeitos para os seus predicados. Soube, então, que ser desafinado causava-lhe imensa dor.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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