Empecilho na hora do calor sempre surge: a roupa, por exemplo. Vai ver era por esse estorvo que Adão e Eva andavam nus. Nunca soube muito sobre a atmosfera no paraíso. Falei até para a patroa, ali pelas onze horas, quando o Sol não quer conversa, a não ser embaixo de árvore ou de uma marquise: “Alzira, minha camisa tá mais ensopada do que aqueles pés de frango ruinzinhos que você fez ontem à noite pro jantar”. Ela andava e suava, nem parou pra retrucar as injúrias.Batia os pés no chão e deixava o bafo se levantar magnificente. Olhou de través. Foi o que conseguiu, naquela quentura. “Nossa, Alzira, ‘cê parece que incha quando fica assim, avermelhada, feito brasa”. A pobre curvou as duas mãos sobre os dois joelhos, de pé, mas meio arriada. Então afastou os pingos que lhe escorriam aos olhos, usando o antebraço. Ergueu os olhos e com a mais cálida expressão de enfado balbuciou sílaba a sílaba: “vai se fu-der, A-ma-deu”. Alzira quando arde perde aquela chama de amor que tem pela gente.
quinta-feira, 25 de março de 2010
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hua hua hua a-do-rei!
ResponderExcluirComo sempre, qdo venho ao seu blog nunca me arrependo de te-lo feito.
Adoro seu ritmo e sua maneira de contar as trivialidades.
Abraço!