
Com o passar do tempo, verifiquei um aumento expressivo da taxa de ira. Chaves já causavam fendas na razão. Parafusos rosqueavam ódios submersos no reboco frouxo da prudência. Comecei a invejar a competência profissional dos fanáticos que crucificaram Cristo, prego a prego, e fizeram com que Ele não caísse da cruz. O diabo era que a minha incompetência se avolumava, e o relógio continuava a rodar seu ponteiro de segundos, como se risse em círculos de minha inabilidade. Parei às oito para as dez. Oito valas no reboque para as dez tentativas insanas de afixar aquele relógio na parede. No dia seguinte contratei um pedreiro para cobrir os estragos. Ele, espontaneamente, instalou o relógio, num minutinho.
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