sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não havia bolas

Não havia bolas para seus oras. Tamanho era o desprezo que causava nas pessoas que, talvez pelas unhas sujas e o nariz às bicas, um simples perdão que pedisse por uma escapadela de ranho ou uma tosse no rosto já era motivo para um “vá se catar!”. Eduardo era errado na essência. Vítima de uma estupidez sem cura. Uma coletânea de retardos com o dom da fala e pernas caminhantes. Aqui e ali era visto às vezes.
Por caminhos confluentes, a um pândego destino comum, conheceu Izabela. Desconsiderada como ele, talvez pela falta de dentes e os olhos às órbitas irregulares, era, pessoa física, a representação da repugnância pública.
Deram-se aos acertos, flerte desentendido. Deram certo. Doce par no asco externo. Mas ninguém nunca mais duvidou que a felicidade tinha pernas curtas.

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