Frenético no trabalho nunca foi. Seu ritmo era contínuo. Jamais participou de “momento histórico” algum. Até esteve naquilo que chamava de “ocasiões”, mas Lupércio era categórico: “a história não tem momentos determinantes, mas é uma proliferação de instantes, de brevidades que competem entre si monstruosamente”. E radicalizou, faltando ao velório da mulher do patrão, morta com toda a pompa e circunstância de um cartão-de-ponto. Veio a advertência, ele protestou. Chamou o imediato, o gerente, o vice-presidente e, pior, a mídia. O caso logo ganhou repercussão dado assédio moral pelo qual Lupércio passou, mas havia a mítica nacional: no câncer, se é solidário. E o juiz do trabalho do lugar soltou o veredicto contra o solicitante: “causa improcedente, por difamação de cadáver”.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
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Este espaço está cada vez melhor! Sinto muitíssimo não ter ido ao lançamento. Meus furos são contínuos e indisculpáveis. Mesmo assim, peço desculpas. Sucesso! Bj.
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