
Tinha espasmos de minhoca sôfrega na ponta do anzol, coceiras da solidão com o caniço na mão, a distraí-lo com obviedades na forma de insetos inexistentes ou roedores teóricos. Gostava de viver assim. Barretense do Mississipi. Visionário dos cardumes que via demais nas últimas 24 horas, sem falar nos últimos 48 anos. Morava, como todos nós, no presente do indicativo, mas vivia no futuro do pretérito em perífrase: iria chegar lá. Por isso o povo da redondeza estranhou a verdade definitiva que o envolveu, quando o caminhão de cana esgalhou-lhe no velho fusca. Estava a caminho da pesca.
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